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"Barbie": entre comédia, drama e musical sem perder o ritmo

Cinestesia, Por Gabi Fischer, Cineasta e Produtora

Em 21/07/2023 às 18:42:33

Eu não sabia mais se eu estava vivendo ou apenas contando os dias para a estreia de “Barbie”. Se você não está acompanhando esse fenômeno, pode ter certeza que nesse planeta aqui você não vive. Talvez um dos maiores booms de marketing e muito se deve às redes sociais. O efeito “Barbie” é tão grande quando uma bomba atômica, para já fazer referência ao seu companheiro de data de estreia. E tudo isso é “Barbenheimer”.

Preciso começar contando que fui, sim, a criança fã de Barbie. Brincava e ainda arrastava os primos para brincar junto. Como uma boa geração de “Toy Story”, deixava elas sempre perfeitas, pois sabia que ganhavam vida quando eu não estava próxima. Para completar, foi tema do meu aniversário de sete anos. Hoje, 20 anos depois, estou eu aqui sendo abraçada por essa nostalgia da boneca que tanto foi minha companheira e agradecida por esse live-action se tornar real.

O desafio do projeto “Barbie” está há anos correndo entre os estúdios. O sucesso da boneca, criada em 1959, foi aumentando sua gama de produtos licenciados e chegou aos filmes. O último possível live-action que se teve maiores notícias foi da Sony com a atriz Amy Schumer, que foi cancelado. Então, um casal de talentos, Noah Baumbach e Greta Gerwig, agarrou o desafio e fez um roteiro que, tenho certeza, jamais imaginaríamos que teriam coragem de tirar do papel. Inclusive, a própria roteirista não acreditou, comentando já em uma entrevista: "Eu meio que pensei em duas coisas: eu amo Barbie e não vou suportar se alguém dirigir no meu lugar. E eles nunca vão nos deixar fazer esse filme!”

Foi graças a Margot Robbie, que assume o papel da protagonista e produtora executiva, que o filme começou a tornar o mundo mais rosa. E foi essencial o “sim” de Greta Gerwig para assumir a direção. Dou toda razão a todos que tiveram medo do projeto, que poderia não acontecer. Podemos até esquecer, mas é um filme de marca. Surpresa: a Mattel comprou a ideia. Claro, como uma grande estratégia também, porque não só a tinta rosa do mundo chegou a acabar, mas a boneca revolucionária voltou mais que nunca à moda, e para ficar por um tempo. Enquanto isso, podemos rir da comédia verídica de que foi uma boneca que conquistou esse tamanho sucesso em seu primeiro filme. Por que choram DC e Marvel?

Vou ser justa e comentar que, até agora, “Barbie” é a segunda maior estreia nos cinemas no Brasil, ficando atrás apenas de “Vingadores: Ultimato”. Mas, bem, numa disputa de uma protagonista contra, basicamente, todos os super-heróis da MCU, acho que ela já é muito vencedora. E, também, não tem como não comentar que fizeram vários, mas melhor multiverso que esse cor de rosa não existe (pode seguir em lágrimas, Marvel e DC).

É até difícil escrever sobre o filme em si sem querer gritar “perfeição” ou usar rosa por mais muitos dias para seguir com a sensação. Parece até irreal quando analisamos que o roteiro é a estrutura mais clássica possível, já que Barbie faz sua jornada de heroína. Só que, por se tratar dela e da forma escolhida para essa narrativa, é que começamos a entender todos os adereços do topo do bolo (porque só uma cereja é pouco aqui). A conexão com a personagem é imediata porque é a jornada da adolescência, é sobre o amadurecimento feminino. Sim, Greta traz novamente seu principal tema para o filme da “Barbie” e (zero surpresas) arrasa, especialmente por colocar a Barbie Estereotipada para passar por isso.

Entre a comédia (com cada comentário de sátira e duplo sentido digno de aplausos), drama (se prepara para o toque de existencialismo) e até musical, o longa-metragem não perde seu ritmo em nenhum momento. Do mundo artificial de Barbielândia, a crise existencial da boneca é uma reflexão sobre nós mesmos e, ao cair no mundo real, vamos para uma autodescoberta, lições de empoderamento, igualdade, diversidade e, claro, patriarcado. Tudo isso com uma trilha sonora viciante, contando com nomes como Lizzo, Dua Lipa e Billie Eilish.

De diversas situações bizarras da história, precisamos falar sobre o Ken porque, se Ryan Gosling já falou em uma entrevista que estava na sua melhor performance, eu ainda não encontrei um tópico para discordar. A gente ri do personagem, do seu exagero, enquanto lá no fundo caímos na real de quantos “Kens” já conhecemos (pode falar qual é o seu amigo que venera “O Poderoso Chefão”). E aproveito para dar todos os créditos a todos os outros do elenco, com direito a participações especiais que conseguem deixar qualquer espectador mais animado ainda, desde Emerald Fennell até John Cena. Ganhamos, assim, atuações mais que autênticas!

Com a abertura fazendo a melhor referência a cena dos neanderthais de “2001: Uma Odisséia no Espaço”, Barbie realmente foi uma revolução para que as mulheres sonhassem com sua casa própria, trabalho, carro e tudo, e agora seu filme é uma revolução para o cinema. E tem espaço para as lágrimas escorrerem, já que criadora, Ruth Handler, e criatura, Barbie, se encontram em uma cena emocionante. Nos vemos ali, também junto na tela, graças à ideia de montagem utilizada como se fossem arquivos pessoais. Se eu não ver o filme nas listas da temporada de premiações, Hollywood vai ter mais um problema além das greves dos roteiristas e atores.

O filme pode ter aberto a caixa de pandora para a Mattel ver potencial e investir em mais projetos de seus produtos, mas eu já confirmo que qualquer que seja o próximo, nada irá superar essa filha pródiga. Em uma grande combinação de consciência sobre a nossa sociedade, metalinguagem, o lado afetivo, nostalgia, crítica sobre esse mundo dos produtos, entre outros, “Barbie” é um paradoxo que só a loucura do capitalismo permite. Mas, claro, é um filme que ganhou todo nosso coração e criou o sonho de que queremos (e precisamos) ir para a Barbielândia!



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